segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Oásis no Deserto

À Thais

Eu, patético farrapo, esquelético,
Sou verme que rasteja num desértico
Mar de ásperas areias quentes, triste
Apenas solidão em mim existe!

A noite cai, escurece o mundo
Atormenta-me todo pensamento imundo…
E meu corpo, pelo frio devastado
Treme sob um trapo desgastado!

Quase ao morrer de solidão neste deserto
Encontrei um oásis, no teu peito aberto
Que jorra água pura, onde irei me refrescar…

Confortar-me nos teus dizeres sábios
Matar a sede no toque dos teus lábios
No oceano dos teus olhos me afogar!

domingo, 6 de abril de 2014

Pedras

Que bela pedra. Tamanho e formato perfeito. Tomou impulso, correu e chutou-a com toda a força. Assistiu a trajetória da pedra em direção ao muro, até espatifar-se, convertendo-se em fragmentos. Fantástica cena. Sublime.
Mas qual era o sentido daquilo? O que o motivava a chutar a pedra? Por que se divertia com isso? Havia algum objetivo?
Pensou nestas questões. E teve a ideia de aplicá-las à sua vida.
Sentiu que não conseguia respostas satisfatórias. Sua mente ficava vagando no vazio, em busca de uma solução, mas não encontrava nada.
Sentiu-se como aquela pedra, arremessada por uma força externa, sem uma razão aparente, que ele não conseguia compreender. Percebeu que se encontrava no início da trajetória, mas já sabia qual era seu iminente fim. Seria chocar-se contra o muro, destruir-se, e deixar de existir.
Difícil entender a razão da existência, durante tão pouco tempo. As pedras apenas vislumbram o ambiente ao redor, como vultos, enquanto dirigem-se ao fim, em alta velocidade. Será que pessoas são pedras? Ou será que podem olhar ao redor, e tentar compreender: quem chutou a pedra, e por que fez isso? O que fazer enquanto está atravessando o ar? Como aceitar o fim derradeiro, o muro da morte?