quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Poema de Amanhã

Quando tiver tempo, estudo.
Depois de estudar, trabalho
Quando ficar rico, faço caridade.
Amanhã me arrependo do mal que fiz.

O Amanhã, esta incógnita,
Este mistério etéreo que não existe
Nem pode vir a ser.
Mera projeção do pensamento
Inquieto, almejando saber seu desfecho
Frente ao desconhecido, que o apavora.
A felicidade plena ou a morte
Estão fora de alcance.
Residem na inóspita e distante
Terra do Amanhã.
Onde ninguém pode chegar.
Tudo se movimenta,
Rumo à esta direção
Mas nunca chega.
Produto imaginário dos anseios
Da alma, que o tece em meio à duvida.
Pairamos diante deste enigma, paralisados.

O dia de hoje é vazio, é silencioso.
É desbotado. Nele nada importa.
A distância aumenta do nostálgico mundo
De sonhos infantis e lembranças vivas
De um passado que se desfaz.
E à frente, o místico mistério
Que a tudo engloba, mas nunca surge.
Lá tudo somos, tudo podemos.
Amores e ódios, paixões e guerras.
Deuses e Ragnaroks. Arrebatamento.
Tudo nos aguarda no tempo que não vem.
Inacessível.
Intocável.
Invisível e Intangível.
Projeto nele meus desejos, meu ego.
Lá sou tudo, sou sábio, sou belo.
E o dia de hoje… cada vez mais cinza.

Quando ficar rico, faço caridade.

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